terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um amor português em Londres

Ali estava eu em Londres na paragem agarrada ao cachecol, com "unhas e dentes", pois o frio de Inglaterra não é amigável.
Parece uma situação normal, porém o caricato da situação era eu não fazer a mínima ideia do destino.
Na noite anterior, após a ida maravilhosa ao teatro londrino, fui jantar ao restaurante italiano, com pratos especialíssimos a 21 libras e 12 pence cada.
No final do jantar, o empregado deu-me um guardanapo com um nome e um número de telefone dum desconhecido que estava na outra ala da sala.
Confesso-te que me senti a corar, mas simultaneamente lisonjeada, ele era um verdadeiro Deus; cumprimentei-o; acabei o café; paguei; lancei um olhar charmoso (tipicamente feminino) e saí.
No dia seguinte, desfrutando a vista do London Eye, lembrei-me daquela atitude destemida; com uma "pitada" de atrevimento: o guardanapo.
Ao deslumbrar o Thames, com os barcos a irem e virem, fiz uma analogia com a vida e pensei: só se vive uma vez, vou ligar.
Peguei no telefone; marquei o número. Imagina a língua que ouvi:
-Estou, boa tarde.
-Fala português?
- Sim, sou português, quem fala?
-Fala a pessoa à qual deu o número de telefone ontem, no restaurante italiano.
-Ah! Olá chamo-me Manuel. Desculpe-me a frontalidade, mas adoraria beber um chá consigo e mostrar-lhe a cidade. Aceita?
- Bem, dito assim, não resisto. Terá de ser num sítio público. Trafalgar Square?
- Combinado. O autocarro é o 19.
Voltando à paragem, enquanto esperava, fumei um cigarro e gastei uma carteira de fósforos com apenas dois fósforos.
Sentada no autocarro, encontrei o terço oferecido pela avó que me acompanhava nas viagens; rezei baixinho.
No destino, lá estava o Manuel à minha espera. Cumprimentámo-nos à portuguesa.
Seguidamente, bebemos o prometido chá numa esplanada próxima e visitámos os pontos turísticos de Londres.
Depois desse dia memorável - o primeiro de muitos - hoje ainda guardo o poema arrancado do livro oferecido pelo teu pai; o meu amado Manuel.

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